terça-feira, junho 27, 2006

 
Momentos há quando o time perde



O torcedor de futebol é um masoquista. Escolher um time significa escolher as cores pelas quais sofrerá constantes depressões. Yoshio Takanashi comprova.

Com sessenta anos, o japonês enforcou-se em Taiwan após a vitória brasileira sobre a seleção de seu país. Quatro a um. Foi um suicídio assaz legítimo. Takanashi notou que não compensaria mais viver por uma seleção como a do Japão. Morrer sempre compensa. Ele certamente preferiu morrer para, na próxima encarnação, nascer em um país de melhores resultados futebolísticos.

Este é um caso extremo, mas não esporádico.

Há inúmeras situações em que a vida – o bem dito maior – corre riscos por causa do futebol – um simples jogo, o que dizem.

Um simples jogo que decide, arbitrariamente, mau humores. Que simplifica na bola, nos vinte e dois jogadores, no gramado e no juiz, todos os problemas da vida. E quando o time perde, os problemas redundam em tragédia.

Pablo Escobar comprovaria este discurso. Não comprova por ter sido morto após marcar um gol contra. Mas, se pudesse alguma coisa dizer, certamente agradeceria aos assassinos por abrandar o tempo em que teria de carregar o fardo de um gol contra em Copa do Mundo.



Momentos há quando o time ganha



O torcedor de futebol é um felizardo. Escolher um time significa escolher as cores pelas quais terá dispersas alegrias infinitas. Y. T. comprova.

Com cinqüenta anos, o japonês desistiu da idéia de suicídio em Taiwan após a vitória de seu país sobre a seleção brasileira. Um a zero. É uma hora extra assaz especial. Y.T. notou que compensaria viver mais, pela seleção do Japão. Viver sempre compensa. Ele certamente preferiu viver por acreditar que futuramente sua seleção teria, futuramente, melhores resultados futebolísticos.

Este é um caso extremo e esporádico. Esporádico por acontecer somente em ocasiões especiais, e assim valoriza-se.

Há inúmeras situações em que a vida – o bem dito insuperável – ganha significado por causa do futebol – um simples jogo, o que dizem.

Um simples jogo que distribui, arbitrariamente, alegrias. Que amplifica na bola, os caminhos da vida; nos vinte e dois jogadores, a humanidade; no gramado, o mundo; no juiz, deus. E quando o time ganha, o corpo vê-se atônito, incapaz de suportar tantas alegrias.

Yoshio Takanashi certamente comprovaria este discurso. Não comprova por ter se suicidado após uma derrota do Japão. Mas, se pudesse alguma coisa dizer, certamente seria:- “Nasçam no Brasil!”.

segunda-feira, junho 26, 2006

 

FAIR PLAY QUANDO CONVÉM

Quando, no jogo Halanda 0 x 1 Portugal, a Holanda não respeitou o Fair Play, foi vaiada. E com razão.

Não sou a favor de Fair Play. Eu acho uma hipocrisia que é jogar a bola para fora quando o outro adversário está estatelado. Eu acreditaria em um fair play quando os jogadores admitirem ao juiz que cometeram pênaltis, que fizeram falta, que colocaram a mão na bola... aí sim! Isto é Fair Play!

Agora, Fair Play somente quando convém, mas, quando o time está perdendo, esquecer disso, é uma grande besteira.

Eu admiraria mais jogadores que não camuflassem a violência em entradas atrás da bola.

Que dessem socos, logo.

quinta-feira, junho 22, 2006

 

CUTUCARAM O ELEFANTE COM A VARA CURTA (gols por quilo)



Em Copa, a palavra de Galvão Bueno vira verdade absoluta, e o que os jogadores fizeram antes, não conta.

Por isso, não se lembraram do que Ronaldo fez nos últimos dez anos. Não se lembraram de que gênio é gênio até quando não está em plenas condições.

E mesmo que esteja não cinco, mas cento e cinco quilos acima do ideal, Ronaldo deve jogar. Porque sempre que houver um número nove embaixo de um escrito "RONALDO", deve-se sempre ficar alerta.

E não ficaram alerta. Quando ele marcou os dois gols, tomaram um susto. ASSUSTARAM-SE PORQUE QUISERAM. Assustaram-se porque esqueceram que gênio faz a perfeição mesmo quando a situação é imperfeita.

E o Brasil acordou com a noite do Japão. Quando lá começa a anoitecer é que nós acordamos aqui.




quarta-feira, junho 21, 2006

 

FREDINHO!

FREDINHO!!!

O Futebol foi salvo por Fredinho! Foi a primeira vez que um jogador comemorou um gol como se fosse torcedor!


quinta-feira, junho 15, 2006

 

Só não me peça para falar do Maldini!

E ela acreditou.

Eu acabei gostando tanto de alguém, que acabei gostando automaticamente das coisas de que esse alguém gosta. Então o amor se transbordou para a seleção italiana.

O Maldini tem a mandíbula quase tão bonita quanto a mandíbula de quem eu tanto gosto. E eu não o vi jogar.

O Maldini é a versão masculina de quem eu gosto. Por isso é que tenho tanta inveja dele.

Não falo mais de Maldini.

 

imortal (ainda)

Quando Gamarra salvou todas aquelas bolas, disseram que ele é imortal.

Quando o Gamarra resvalou aquela bola para o próprio gol, enterraram-no. Disseram que ele não é mais um bom zagueiro.

Fico ainda com a primeira. Sou daqueles que acham que ele ainda é imortal.

 

TONI LUCA TONI DE NOVO!!!!!!!!!!!!!

Robben foi visto como o grande destaque da primeira rodada da Copa. Aquele holandês que fez até uma bela jogada para o gol, mas fez só isso. E o Luca Toni?!


Jogador de ataque tem, ultimamente, tido seu valor por demais vinculado ao gol. Se chuta do meio de campo e a bola bate na trave, o lance não aparece nos melhores momentos. Deveria ter melhores momentos em que não mostrasse o gol. No jogo da Itália, por exemplo.

Em todos os melhores momentos deste jogo, mostraram os gols do Pirlo e o do atacante reserva, aproveitando uma bola mal recuada do zagueiro ao goleiro. E os dois mais belos lances do jogo, feitos pelo Luca Toni, não foram mostrados!

No primeiro, a bola vinha torta, bateu no cucuruto de Toni, marcado por um zagueiro, e chutou forte. Deu vontade de dar aquele chute. E a bola bateu no travessão e caiu no chão. Isto, na linha da grande área paralela à linha de fundo!!!!!!!

E Toni abria as mãos, as colocava paralelas às linhas verticais da cabeça e dizia "Madona!!!!!!!!!!".

Com os italianos, não se deve limitar o número de exclamações!!!!!!!!!!!

E no outro lance, feito pelo Toni também. Ah, sim.

(Toni tem um metro e noventa e quatro e vinte e nove anos. Um metro e noventa e quatro e é ágil!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)

E no outro lance, feito pelo Toni também, ele pegou a bola na esquerda, foi avançando pela área e deixou o zagueiro torto. Eu não me lembro do que aconteceu depois, pois só vi este lance uma vez, e quando me emociono com as coisas, me esqueço delas facilmente. Mas foi lindo e ninguém reprisou!

Então, Robben, dito o grande jogador da primeira rodada, só o é por ter marcado aquele gol; Toni, muito melhor, conseguiu fazer jogadas sem gols mais bonitas do que as com gol, o que é o maior feito.

 

o Kaká sem Deus

Quando Cafu avançou para o ataque, notei um homem nervoso pedindo a bola. Ele abria os braços e devia falar alguns palavrões. Cafu enfim tocou para este sujeito que era o KAKÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Kaká abrindo os braços? Kaká nervoso?

O Kaká sempre foi o homem da média - média oito, é verdade - que conseguia manter sua serenidade e jogar bem o tempo inteiro. Jogar bem, mas sem ter os apses dos grandes craques.

Então, ele, nervoso, recebeu a bola e chutou, nervoso, com a esquerda, para o gol. Chutou e já saiu comemorando. Sabia que era gol quando recebeu a bola!

E na comemoração, apontou para o céu, mas não como fazia o Kaká nota 8. Apontou para o céu como obrigação, como algo que se faz pela última vez. Deu socos para baixo e, se se lembrasse, apontaria para baixo, agradecendo a ajuda do Diabo.

segunda-feira, junho 12, 2006

 

TONI LUCA TONI!

Luca Toni chuta lindamente a bola no travessão. Aqui, eu digo que puta que pariu, como foi lindo! Mas eu não importa. Em Santos, Juju deve ter dito alguma coisa do tipo. E nós dois nos emocionamos. Mas Luca abre as mãos e "Madona!"! Reclama de mãos abertas. Reclama para o nada.

Todas as reclamações, pedidos e promessas feitas para o nada são recuperados por Deus.

E Deus diz, pois é, querido. A bola bateu na trave, no chão e foi longe depois. Mas como é bonito a bola bater na trave e no chão numa velocidade incrível. A Juju também deve pensar assim. Mas o Luca Toni, não. O Luca queria fazer o gol e ficou puto.

E eu emocionado. Mas eu não importa.

Importa a Juju, depois o que reclama de mãos abertas.

A Juju tem um metro e cinqüenta e sete, nunca disputou uma copa do mundo, mas eu gosto mais dela do que do meu jogador preferido do momento que tem um metro e noventa e quatro e disputa uma copa do mundo. Inclusive, ele chutou uma bola no travessão, que bateu no chão e foi parar longe. Já falei? É o Luca Toni.

E o Luca reclama de mãos abertas.

E eu digo, apaixonadamente: o Luca não importa.

A copa é na Alemanha, nos estádios que custaram um trilhão de dólares para serem feitos, onde jogam jogadores milionários, que serão assistidos por bilhões de pessoas. Se você quiser saber disso, ligue a TV.

A Juju é que importa.

A Juju é que assiste esta Copa, está do lado da TV que não filma. Num apartamento que não custa nem duzentos mil reais, mas ela é que importa. Nem um milhão de pessoas já viram-na, mas ela é que importa.

Nem eu a vi.

Mas a Juju é que importa.

Importa, e eu me importo. Importo e imagino como é lindo ela vendo alguém reclamar da mãos abertas. Ela, de mãos suadas cruzadas fechadas, vendo o outro reclamar. E reclama também.

Fim.

sexta-feira, junho 09, 2006

 

gol de verdade imaginário

Sonhou que driblava um, driblava outro, driblava um de novo e, na hora de chutar, driblava o goleiro e entrava junto com a bola.

Pois entrou em campo e fez o gol de joelho mais lindo que eu já vi.

 

Bola de papel invisível

Futebol não pode ser certinho assim. Criança não pode jogar com uma bola tão redonda, senão não aprende. Bola de meia, trava para um terro liso. A trava era de borracha.

E a bola veio, driblou o primeiro sem querer; mirou num canto, a bola foi em outro, mas entrou. Ele mesmo gritou "mas que golaço"! Mas ninguém fez festa porque ele já havia feito. Foi mesmo um golaço. Sentiram inveja porque não desconfiaram de que foi tudo sem querer.

Qual é a importância de se fazer de propósito? Vai ver ele fez inconscientemente. Não importa. Importa é que foi bonito e que fez inveja.

E a bola foi no molhado e ficou mais pesada. A bola molhada fazia barulho seco. E doía na unha do dedão.

Eles perderam a conta, e ganharam todos.

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